Pensamento idiota ou até parvo, mas aqui vai:
Se é tão fácil fazer o meu trabalho, porque é tão difícil para mim fazê-lo?
Digo difícil, porque são todos diferentes, os trabalhos, cada briefing segue um caminho diferente e autónomo, e cabe a mim seguir este caminho, ver até onde vou, até onde consigo ir. Podemos chamar de processo criativo, e, é aqui que tudo acontece, é com base nesta jornada que depois defendo e justifico as minhas opções. A simples questão de: não é amarelo, é verde porque isto, isto, isto e mais isto. As coisas aparecem feitas por várias razões, razões que assentam na leitura da marca, do target, dos serviços que vão ter, da nossa experiência, e muitas outras coisas que só nós sabemos.
É fácil fazer um logotipo, é fácil escolher cores e combinar letras, afinal não passa tudo de combinações de formas. É fácil, e qualquer um pode fazer. É isto que ultimamente se lê muito, não é literatura de agora, mas ultimamente escreve-se muito sobre isto. A tal polémica, da tal revista, que todos os designers, e criativos, foram chamados a intervir. E logo a seguir mais um ou dois artigos noutros www’s com a mesma ideia.
Estas coisas mexem connosco, uns ficam mais irritados, outros revoltados, outros nem ligam, e eu sinceramente nem sei como catalogar. A indignação existe, claro. Pinta-se o nosso trabalho como algo tão fácil, sim o nosso trabalho, aquilo que fazemos todos os dias, e pelo que respondemos. E por grande maioria nossa, foi o que escolhemos fazer porque é neste modo de vida que acreditamos, e somos bons.
Mas com estas histórias, acho que cabe a nós também mostrar o nosso trabalho, não só o final, mas o processo, a partilha. Nós designers, não somos bichos atrás de um ecrã a fazer desenhos em 5 minutos. Também nos relacionamos, sim principalmente criamos relações, com os clientes, com os clientes dos clientes, com as marcas, etc.
Uma das grandes “lutas” que tenho assistido ao longo dos anos, é por vezes a facilidade com que mudamos. Afinal não somos assim tão pouco receptivos à mudança! Falo em mudar de imagem, de identidade, logotipo. Este ano fazemos um logo, daqui a um ano, o que se vê muito é outra coisa, então mudamos outra vez. A verdadeira essência de uma marca fica assim perdida pelo meio. Porque é tão fácil mudar, porque o DIY chegou a todos. Porque o que está na moda agora é outra coisa e até achamos giro. Mas um logo não tem modas, nem muito menos tem de entrar nela. Um logo não é feito a pensar na pessoa que o pede, mas sim nos clientes que quer ter. Muda-se porque apetece.
Não estou a dizer que sou contra a mudança, mas temos de perceber bem mudar porquê? Justificar num ponto de vista de missão e objectivos da marca.
Nota: a foto de destaque do post são os esboços para uma nova marca. Tudo começou mesmo pelo desenho, pelos rabiscos, cores e testes. Ainda se passa muita coisa fora do computador e de softwares.
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